Moreninha cor de cúia
Que inspira um verso bonito
Prazer de um beijo roubado.
Sabor de um mate lavado
Com vício doce da rima
Cuia de casca morena
Tua essência verde é um poema,
Feitio de um corpo de china.
Porongo, flor de morena,
Parceira do peão solito
Mateando, bem despacito,
Na sombra de um cinamomo.
Desassombrando o abandono
Da tarde linda e gaviona
Que se vai com o movimento
Do sopro manso do vento
Que imita o chiar da cambona.
Chininha, cúia morena,
Da cor do sol regalito,
Meu verso é um passaro aflito
Que vem pousar na tua sombra.
Cada vez que eu beijo a bomba
Bebo a paz das horas quietas
Que dormem e acordam em teu bojo,
Roncando o mate do apojo
Da rima de outros poetas.
Moreninha cor de cúia
Cacimba que eu bebo aflito
Sem pátria e sem endereço.
Beijando a bomba eu me aqueço
Porque o mate é um lenitivo.
E, enquanto o beijo não cessa,
Eu bebo a sanga e a promessa
De mais um mate pra o estribo.
Moreninha cor de cúia
Que cabe dentro o infinito,
Com um sentimento esquisito
Te aperto com as duas mãos,
Porque o sabor temporão
Que tens na boca e amargo.
Tua bomba tem os labios quentes
E a china o aroma envolvente
Desta saudade que eu trago.
Chininha, cúia morena,
Da cor do sol regalito,
Meu verso é um passaro aflito
Que vem pousar na tua sombra.
Cada vez que eu beijo a bomba
Bebo a paz das horas quietas
Que dormem e acordam em teu bojo,
Roncando o mate do apojo
Da rima de outros poetas.