é Dionísio quem me visita, não Morfeu.
Excessivamente vago, excessivamente oco,
puxo a máquina de lado e escrevo como um louco.
De cigarro em cigarro passa o tempo e eu não passo.
Faço tudo tão mal feito e por despeito nada faço.
Não disfarço, sou insone, solitário como um peixe
e toda vez que eu penso em teu nome vem um não-me-deixe.
Não que eu tema estar só, pois adoro estar sozinho.
Mas contigo é tão melhor, tão mais fácil o caminho.
Ouço blues, ouço jazz, ouço bossa, ouço samba;
ouço tudo, até a lua! quando estou na corda-bamba.
Já é tarde, sim, eu sei: sobre isso eu já pensei.
Acontece que eu não durmo, acordar é minha lei.
Estou disperso no universo desse meu apartamento
e se eu tento me juntar, me dispersará mais o vento.