Letra de
Utopia Sertaneja

Um dia quando o sertão tirar da terra o sustento
o norte soprar o vento varrer todo espinho
o homem pelo caminho nos desafios das léguas
a noite mansa fáz trégua toca a viola em ponteio
em um repente sem freio toada xote e baião
um dia quando o sertão deixar de ser um mendingo
ver no poder um amigo que seja bem verdadeiro
os últimos serão os primeiros já foi bem claro o rabino
falar pra aquele el ninho em abudante riqueza
o pão enfim chega a mesa é tempo de louvação
um dia quando o sertão se prepara pro saber
na carta do abc e dominar toda ciência
terá alto-suficiência será do mundo seleiro
profetizou o conseleiro aí dos tempos atrás
e o nó enfim se desfáz é tempo de redenção
um dia quando o sertão não esquecer sua história
comemorar suas glórias mostrar que é povo aguerrido
dançar em solo batido o forró bumbo e xaxado
guerreiro todo enfeitado sanfona em plena harmonia
triângulo zabumba alegria é tempo de São João
um dia quando o sertão for simplesmente isso tudo
ouvir e não ficar mudo poder viver seu papel
não vai beber desse féu que amarga feito giló
fazer um vou maior nas asas da alforria
nas brasas da hipocrisia não ver queimado o seu chão
Um dia quando o sertão se prepara pro saber. . .