Letra de
Uma Canção Desnaturada

Por que cresceste, curuminha, assim depressa, e estabanada?
Saíste maquilada, dentro do meu vestido.
Se fosse permitido, eu revertia o tempo pra reviver a tempo de poder te ver
as pernas bambas, curuminha, batendo com a moleira,
te emporcalhando inteira e eu te negar meu colo.
Recuperar as noites, curuminha, que atravessei em claro.
Ignorar teu choro e só cuidar de mim.
Deixar-te arder em febre, curuminha Cinquenta graus, tossir, bater o queixo
Vestir-te com desleixo, tratar uma ama-seca
Quebrar tua boneca, curuminha,
raspar os teus cabelos E ir te exibindo pelos Botequins
Tornar azeite o leite do peito que mirraste.
No chão que engatinhaste, salpicar mil cacos de vidro.
Pelo cordão perdido te recolher pra sempre à escuridão do ventre, curuminha.
De onde não deverias nunca ter saído.