Tudo é terra sol e fome
Pedra e suor que a carne consome
Tudo é fardo na terra tão dura
É o calo latente da miséria sem cura
Tudo é dor choro e sofrimento
É a raça perdida no tempo
É o filho que morre ao relento
É o pai que padece por dentro
E o homem devora o filho do homem
E o homem castiga o homem na fome
E o homem não vê o homem que chora
E o homem não ouve aquele que implora
Tudo é sangue pulsando nas veias
É a esperança diluída em areias
Tudo é seco num leito de pedras
É a própria sorte jogada às trevas
Tudo é triste na terra do sol
É a sina escrita em suor
É a dor transformada em pó
É o suspiro da última voz
E o homem devora o filho do homem
E o homem castiga o homem na fome
E o homem não vê o homem que chora
E o homem não ouve aquele que implora