Um desejo proibido
Faz de mim meu próprio vício
Não sei muito sobre isso
Mas do meu vício só eu sei
Eu tentei ser mais honesto
Mas, confesso, fracassei.
Nada sei do que não quero
E o que eu quero está mais perto
E ainda assim tão longe
Não além do horizonte
Não na ponta do nariz.
Um Quixote condenado
Pelo o que não tomo por sagrado
O silêncio que não faço
O Silêncio que não fiz
Nenhum céu é sempre gris
E toda força tem cansaço.
É tão fácil por a culpa em qualquer deus
Mas quem sabe, meu amigo
Se qualquer um dos erros teus
Seja síntese dos meus
Quando a espera desespera
Por de trás dessa neblina
Olhos, lentes de ateu.
Maldito ou mal bebido
Precioso vinho
Em cálice de vidro
Um cálido delírio
Fere a garganta de sede eterna
E a água corre rente à goela
Mas nunca nela, nunca nela
Nela nunca!