Correu solto no tempo, saltou
Tropeçou, se estendeu, levantou
Levou grito, pisada e gemido
Ficou doido e girou sem sentido
De tristeza caiu na risada
Bebeu muito e chorou na calçada
E corria sem ter direção
Com vontade e sem nenhum tostão
Era feio feito um bicho diurno
Um boêmio, um cantor vagabundo
Foi poeta, ladrão, escritor
Só vivia falando em amor
Acordava sozinho todo dia
Em colchões que ele não conhecia
Tremia pra tomar cachaça
E vivia atuando na praça
E agora nego
Diz aí o que tu vai fazer
Esmagaram tua vida, inflamaram a ferida
O que é que tu vai dizer
E agora nego
Diz aí onde tu vai parar
Riram da tua risada, cuspiram na tua cara
Acenderam uma vela
Espera o vento apagar
Espera o vento apagar