A solidão é uma cidade abandonada
É uma carroça numa estrada que vai dar na escuridão
É a feiura da mulher, toda arrumada
Passeando na calçada sem ninguém dar atenção
A solidão é como um pássaro ferido
Que voou, mas está perdido, sem saber a direção
É como mão, sem outra mão, para bater palma
Como um deus que perde a calma, se ninguém pedir
perdão
A solidão é como um homem que se esquece
Como um homem que envelhece, sem viver o que
sonhou
É como um transito em plena madrugada
É o poeta na calçada que ninguém, nunca, escutou
A solidão é uma atriz, sem a plateia
É abelha sem colmeia, é barco à vela no sertão
É a promessa do político, sem ética
É a conta aritmética onde o zero é a solução
A solidão é uma bola, sem chuteira
É a vizinha fofoqueira, sem vizinhos no portão
A solidão é o rebolado da mulata
Quando a festa já está chata e ninguém quer mais
Sambar, não
A solidão e quando o tempo vai embora
Quando a gente perde a hora, e o compasso da canção
A solidão e quando o filme fica bobo
Quando a gente perde jogo, por que alguém fez 'gol de
Mão'