Quando eu era pequeno morava na roça, numa palhoça feita de sapé
Acordava bem cedo, bem de madrugada ouvindo a passarada e o meu galizé
Na cozinha do rancho a mamãe acendia, o fogão de lenha pra fazer café
Quando a água fervia na caçarolinha, todos lá de casa já estava de pé
Depois do café nóis ia pra roça com a enxada nas costa para trabalhar
No caminho nóis o sol nem bem nascia, na mata se ouvia cantar o sabia
Chegando na roça, na invernada, na foice ou na enxada o mato descia
Quando dava dez horas, nós ia parando, mamãe ia chegando e o almoço trazia
Que almoço gostoso a mamãe preparava, pra nóis não faltava a carne do leitão
Franguinho na panela com cambuquira, taioba afogada com arroz e feijão
A vida era dura mais tinha fartura, na mesa de casa não faltava o pão
De tarde lá em casa, quando nóis chegava, juntava a família e fazia reunião
O papai proseava, contava histórias, do tempo de glórias que já se passou
Ele as vezes chorava, quando se lembrava, a saudade dos pais, da vovô e do vovô
Ali nós rezava, sorria e cantava, com violão sanfona pandeiro e agogô
Um cantava em primeira, outro em segunda, fazia dueto os irmãos cantadô
No domingo era dia de folga, nóis ia pro rio pra pescar lambari
Nóis pescava o dia inteiro nas águas limpinhas do rio Tibagi
Quando a tarde ia indo embora no mato se ouvia cantar a Juruti
Hoje eu morro aqui na cidade, mas é grande a saudade do Sitio Taquarí