Letra de
Sina de Bolicheiro

O bolicheiro coitado não pode surtir a venda
Vai só apontando o fiado e a lista das encomendas.
Sempre é a mesma ladainha escrita embaixo, no almaço
Lembranças para madrinha e pro compadre um abraço.
Pensando ali nas crianças vai sustentando o fiado
Já vendeu três vacas mansas e as duas juntas do arado.
Que nem queijo e rapadura lá se vai mais outras rês,
Pra pagar mais uma fatura que venceu no fim do mês.
Vendo assim, perdido o jogo,
Mandando o santo virado
De manhã acendeu o fogo
Com as livretas do fiado!
Com as livretas do fiado!
E um dia apertou o rabicho vendo tanta falsidade,
Fechou as portas do bolciho e foi-se embora pra cidade.
Deixou ali só um amigo, vizinho de corredor
Por que amigo ajuda amigo, nunca se nega um favor.
E o resto dos conhecidos que ele agora conheceu
Todos mal-agradecidos, nem vieram lhe dar adeus
Uma viúva debochada lhe mandou ainda este aviso.
- Bolicho em beira de estrada já nasceu pra dar prejuízo.