A música Sampa foi composta por Caetano Veloso, inspirado pelos seus sentimentos ambivalentes em relação à cidade de São Paulo, local onde foi preso durante a ditadura militar brasileira. Ela reflete tanto a admiração quanto a estranheza que Veloso sentia pela cidade, abordando seus contrastes e sua efervescência cultural.
Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João (parte II) Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto o mau gosto É que Narciso acha feio o que não é espelho E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho Nada do que não era antes quando não somos mutantes E foste um difícil começo, afasto o que não conheço E quem vem de outro sonho feliz de cidade Aprende depressa a chamar-te de realidade Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso (parte III) Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas Eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva Pan-américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba Mais possível novo quilombo de Zumbi E os novos baianos passeiam na tua garoa E os novos baianos te podem curtir numa boa (tabs)