E do amor gritou-se o escândalo
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima pra socorrer
E na gente deu o hábito
De caminhar entre as trevas
De murmurar entre as trevas
De tirar o leite das pedras
Chi! ver o tempo correr
Mas sob o solo dos séculos
Amanheceu o espetáculo
Uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse perdão
E a prudência dos sábios
Nem ousou conter nos lábios
O sorriso e a paixão
Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa dos ventos danou-se
O leito dos rios fartou-se
E inundou de água doce
Amargura do mar
Numa enchente amazônica
Numa explosão atlântica
E a multidão vendo em pânico
E a multidão vendo atônita
Inda que tarde
O seu despertar