Outro domingo, feito tantos, que o maio entrega mais frio
Estradeava rumo à vila num amanhecer sombrio
Ouvia os cascos nas pedras, beirando o passo de um rio,
quando as tragadas de um fumo silenciavam os assobios.
Depois do passo a imagem, de um mouro à sombra parado
e um paisano - "descansando" - numa botella abraçado
- Destino que a vida entrega pra quem nunca teve norte,
nem santo no seu costado mas sabe o valor da sorte!
Segui no tranco que vinha, até encontrar o povoado
E o silêncio denunciava as carreiras e sombreados
Foi quando a tarde estendeu-se - por copa, truco e uns pila
- Porque a ramada é 'carinho' pra quem tem vida tranqüila!
O dia cambiava a tarde, por noite, lua e sereno
Voltava ao tranco na estrada - topando um friozito bueno
E a cena do amanhecer aos poucos foi ressurgindo
- O chapéu ainda no rosto e o mouro quase dormindo!
Meu zaino roncava forte, por desconfiado e sestroso.
Apeei calmo, em silêncio, e me acheguei por curioso
- Por mais que a canha derrube o tempo sempre levanta!
Sob o chapéu de aba larga - boca aberta, olhos cerrados!
O fio de sangue ao pescoço contava de um fio afiado!
E a botella de canha sem nem um gole tomado!
- Só o mouro sabe a verdade mas não fala do passado! -
"O tempo mostrou-me antes,
e eu cruzei sem fazer caso