De tanto engolir meus desejos
Soltei-me de mim
Distante e afastando ainda mais
Vi o mundo sumir
Caí no refúgio do vácuo
Sem ver nem ouvir
E o ar se absteve de me encher
Restei a existir
Sucinto
Sem voz pra não incomodar
Retiro
O que eu pensaria a sós
Foi a auto-pressão que me implodiu
Eu quis ser melhor
Voltei o olhar pra dentro
Tentei ressurgir
Reavendo as lembranças que apaguei
Pois com elas senti
Tão vivo
Sem medo de extravasar
Meus gritos
De raiva, tesão, chorar
Minha própria moral me reprimiu
Em nome de agradar
Pessoas que idealizei
Cedi todo o espaço
Senti que os amigos afastei
Nem pus-me aos seus rastros
Mas quando, num lapso, lhes busquei
Me vi em seus braços
Tranquilo
Tão certo de ali estar
Tão vivo
Sem muito o que elaborar
O afeto ao redor me permitiu
Voltar ao meu lugar