Eis o cego do realejo
Pra dizer a sua sorte
Por uma moeda de prata
Desvendar segredos
De vida ou morte
Andejar de feira em feira
Por ganhar do pão a vida
A dar ciência ou sina
Em ofício que inventa
Humano desconhecido
A fazer-se profeta do destino
Pelas mãos do guia menino
Ê morena
Onde'stá 'ocê
Culibris cumeu
Meus óio
Já num possu mais
lhe vê posso não
Culibris num comi não
Burbuletas avuãs,
Cumeu foi a mina dos óio
Qual fossi fulô terçã
Maltrapilho pela estrada afora
Qual cigano adivinhador
Da sua alheia fortuna
A ajeitar-se pra ir-se embora
Sem nem adeus nem saudade
Prisioneiro da verdade
Que se inventa por escrita
Lá na sina da vidênçia