A viola afina a voz do cantador
Pra cantar as coisas do interior.
Morena fagueira tem cheiro de flor
Coração dispara parece um tambor.
Quando a lua vem clareando o sertão,
Faço um verso e conto as estrelas do céu.
Sabiá gorjeia na palma da mão
E um vento doido levou meu chapéu.
Pega-pega a bola tem pipa no ar,
Capoeira roda esse mundo pião.
Olha quem chegou todo alegre a cantar
Pai Francisco tocando seu violão.
Se tá frio vai se esquentar na "muié”,
Junta o povo todo ao redor do fogão.
Na cozinha tem muito bolo e café
E a prosa agora não para mais não.
A cantoria já vai começar,
O repen tista recita um cordel,
Dança quadrilha e pula fogueira iaiá,
Vai ter catira até o dia clarear
A parentela começa a chegar
Trazendo pinga, farinha e jabá,
A sambadeira veio saracotear
E a meninada brincando de boi-bumbá.
O seu vigário dançando forró,
A onda cresce e ciranda o salão,
O zabumbeiro gira na ponta dos pés,
O povo bate-bate na palma da mão.
O carimbó, caxambu, São João
E as aven turas de um tal lampião
são "causos” da infância do meu bisavô
que agora escuto na voz desse cantador.