Por que canto te respondo,
Porque me encanta cantar
Se a saudade me atropela
Canto pra ela voltar
Na leveza do meu canto
O pranto teima em rolar
E a tristeza alça velas
Num convite a navegar.
Canto estrelas que se aninham
No poncho das madrugadas
Canto a lua que repousa
Refletida nas aguadas.
Canto na voz da guitarra
Que se ancorou no meu peito
Pra me juntar aos humildes
Que ainda clamam respeito.
Graças ao meu bom Deus
Canto pro sustento dos meus
E pra espantar essa dor
Que não tem forma e nem cor,
Preferi chamar de amor,
Lágrima dos olhos teus
Se meu cantar não te importa
Abro as portas mesmo assim
Num vício terno e sensível
Do poema que há em mim.
Canto a garoa que encharca
A quincha do rancheirio
Canto a nobreza das águas
Pelo remanso dos rios.
Quando eu partir deste mundo
Hão de ficar as cigarras
Que ensinaram ao meu filho
Os segredos da guitarra.
Quando chegares as aves
No retorno do verão
Hão de levar meus poemas
Nas asas da arribação.
Graças ao meu bom Deus
Canto pro sustento dos meus
E pra espantar essa dor
Que não tem forma e nem cor,
Preferi chamar de amor,
Lágrima dos olhos teus
Lágrima dos olhos teus