Essa cidade que não para de chover
Bombas de gás que brotam na fonte central
Nas avenidas máquinas vazias roncam
E se desmontam logo depois do vendaval
Não deixe de manha, deixe de manha
Trabalhe, trabalhe
Deus recompensa o pão
Com suor e punição
Nas filas postes firmes transbordam o tempo
Nas macas frias saltam dores vicerais
No fim sus pendulo cortado do papel
Não adiante mais denúncia no jornal
Corra não pare não pense dimais
Estude em escolas boçais
Ou vai em cana
Se o teu corpo incomoda muita gente
A culpa é sua se o aborto é ilegal
Corre na drugstore da esquina e adquira
Um bom marido e um anticoncepcional
Diz que deu diz que dá
Não vá negar, se for nega
Ninguém vai te salvar nega
Corre, rasga a esquina peito fora