Um dia partiu o pingo
Se foi não me lembro quando
Fiquei banido lá fora
Era um bandido sem bando
Eu era um pé sem espora
Com a vida me atropelando
Saia e bebia uns vinho
Prá ver a vida voando
Devia ter um caminho
Perdido me procurando
E não tem nada mais lindo
Do que um amigo voltando
(Por isso digo aos meus dias
Que escorrem pelo gargalo
Vou viver com o pé no estribo
Quando encontrar meu cavalo)
(Cismo e proseio solito
A cerca guarda no grampo
Alguma crina de cola
Gaúcho não anda a pé
Se anda não se consola
Até a lembrança do potro
Me deixa um tanto pachola
O potro era da fazenda
Reiuno mesmo só eu
Que passo a vida encilhando
Cavalos que não são meus
E quando ganho um relincho
Lhes digo: graças a Deus!
(Por isso digo aos meus dias
Que escorrem pelo gargalo
-Vou viver com o pé no estribo
Quando encontrar meu cavalo)
O patrão vendeu o potro
Como quem apaga um pucho
Um peão nunca diz nada
Sentir saudade já é um luxo
Anda um cavalo está hora
Com saudade de um gaúcho
Me deixem seguir buscando
Por estes campitos ralos
Dormir encima da encilha
Só pra acordar com os galos
E andar cantando o rio grande
Só pra esperar meu cavalo!
(Por isso digo aos meus dias
Que escorrem pelo gargalo
-Vou viver com o pé no estribo
Quando encontrar meu cavalo)