Que seria da paz dos caminhos
Ao raiar das auroras suaves
Se não fosse a tarefa dos ninhos
Se não fosse o concerto das aves!
Ao rigor da canícula ardente
Quando a brisa se torna em mormaço
Como é doce escutar a torrente
E o gorjeio das aves no espaço!
Cantai, ó aves amantes!
Cantai no prado e na serra!
Vós sois as almas errantes
Das flores mortas na terra
Cantai ó aves amantes!
Cantai no prado e na serra!
Vós sois as almas errantes
Das flores mortas na terra!
E depois do crepúsculo santo
Dos sonoros murmúrios das fontes
Sobem hinos de amor, vosso canto,
Por campinas, por vales e montes!
No regaço das trevas caladas
Onde a fonte repousa sonhando,
Vós também noutro sonho enlevadas
Acordai alta noite cantando
Cantai, ó aves amantes
Cantai no prado e na serra
Vós sois as almas errantes
Das flores mortas na terra
Cantai, ó aves amantes!
Cantai no prado e na serra!
Vós sois as almas errantes
Das flores mortas na terra!