Letra de
P.U.T.A.

Ontem desci no ponto ao meio dia
Contramão me parecia
Na cabeça a mesma reza
Deus que não seja hoje o meu dia
Faço a prece e o passo aperta
Meu corpo é minha pressa
Ouviu-se um grito agudo engolido no centro da cidade
E na periferia? Quantas? Quem?
O sangue derramado e o corpo no chão
Guria…
Por ser só mais uma guria
Quando a noite virar dia
Nem vai dar manchete (nem vai dar manchete)
Amanhã a covardia vai ser só mais uma que mede, mete, e insulta
Vai filho da puta
Painho quis de janta eu
Tirou meus trapos, e ali mesmo me comeu
E eu corro
Pra onde eu não sei
Socorro
Sou eu dessa vez
Hoje me peguei fugindo
e era breu, o sol tinindo
Eu às vezes mudo o meu caminho
quando vejo que um homem vem em minha direção
E eu corro
Pra onde eu não sei
Socorro
Sou eu dessa vez
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Agonizou no meio do passeio público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Seus olhos embotados de cimento e tráfego