No fundo desse meu mate habita um sábio
Um velho de barbas brancas que tudo entende
Das trenas, das longitudes, dos astrolábios
Encerra tudo o que apaga, tudo o que acende
Na água - suave remanso - de rio tão largo
Na erva verde-coxilha virgem de arado
Procuro a luz do caminho dentro do amargo
No sábio que me responde, mesmo calado
Pra ele não há segredos, não há mistérios
Por velho, sovou as rédeas do coração
Talvez por isso, a lo largo, todo o gaudério
Aceita tantos conselhos do chimarrão
Um dia vai, outro chega, é esta a jornada
Começa outro caminho se um chega ao fim
E em cada mate que cevo na madrugada
O velho sábio se acorda dentro de mim
O velho sábio se acorda dentro de mim
Quem ouve o sábio do mate, sabe da vida
Mateia, assim solitário, com toda a calma
Pois no silêncio do mate, em contrapartida
Se escuta a voz experiente da própria alma
Pois dormem dentro da cuia: pialos, bravatas
A história desta querência em seus alfarrábios
Sorvida pela memória em bomba de prata
No fundo desse meu mate habita um sábio
Pra ele não há segredos, não há mistérios
Por velho, sovou as rédeas do coração
Talvez por isso, a lo largo, todo o gaudério
Aceita tantos conselhos do chimarrão
Um dia vai, outro chega, é esta a jornada
Começa outro caminho se um chega ao fim
E em cada mate que cevo na madrugada
O velho sábio se acorda dentro de mim
O velho sábio se acorda dentro de mim