Ainda hoje ao cair da tarde
Sem muito alarde é favor dizer
Que vou pregar o meu sermãozinho
Pelo caminho que eu percorrer.
Se alguém quiser escutar meu canto,
Procure um canto pra se ajeitar,
Que eu vou passar ao cair da tarde,
Sem muito alarde a cantarolar.
Favor dizer que ando muito rouco
De tanto e tanto que ando a pregar,
Que me preparem um microfone
E um violão pra me acompanhar.
O meu recado será pequeno,
Mas bem sereno eu irei lembrar,
Que ainda é tempo de esperança
E que tudo alcança quem sabe amar.
Vou explicar porque às vezes canto,
Querendo ver meu irmão feliz,
Porque razão acredito tanto
Na juventude do meu país.
E vou gritar que por mais difícil
Ou impossível acreditar
É mais difícil e impossível
Viver a vida sem esperar.
Eu vou brincar com meu povo jovem
Que se comove ao me ouvir falar
E nas escadas de alguma igreja
No meio deles vou me sentar.
E vou falar-lhes do nazareno
Que tão sereno ensinou a paz
E ao escutar meus irmãos mais novos
Eu partirei sem olhar pra traz.
Tenho certeza de que a semente
Que displicente deixar cair
Vai encontrar solo pra morrer
Pra depois nascer e depois florir.
E quando enfim se tornar em fruto
Que eu hei de dar a quem não o tem
Só vou pedir a semente dele
Para eu plantar outra vez, amém.
Ainda hoje ao cair da tarde
Sem muito alarde é favor dizer
Que vou pregar o meu sermãozinho
Pelo caminho que eu percorrer.
Se alguém quiser escutar meu canto,