Letra de
O Bêbado e a Flor

Do bar, ele observava a rua / todos passavam numa pressa tamanha / e inexplicavelmente
corriam sem saber / aonde é que iriam chegar / E ele nem ousou a tentar / se colocar
naquele mesmo lugar / como se ele também não fosse alguém / que dirigisse sem direção
E encheu a mão de pedras / e como franco atirador / e esqueceu que tinha seus pecados / e
apedrejou aquela flor
A flor no meio da rua tentava / todos os dias sobreviver / de um buraco no meio do asfalto
/ a flor tentava se erguer / E ignorava com todo otimismo / a dureza do chão e a poluição /
e crescia se achando vistosa / numa fresta do asfalto, um vão
E recebeu a pedrada do bêbado / e cada pétala se soltou / e foi arrancada sem raiz / e um
talo foi só o que sobrou
Mas a vingança daquela flor / foi mais cruel do que se pode imaginar / Eu tenho pena do
bêbado e nunca / gostaria de estar em seu lugar
A flor foi embora/ e levou toda a poesia da cidade / E a vida tornou-se insuportável / A
saudade da flor ainda vai matar!