Letra de
Natureza-morta

Ela ali adivinhava tudo o que eu queria expor
Só que não saía fala, ou pus, ou choro, ou cheiro, ou clamor
Ela ali, eu sei, sabia do querer que eu tinha, tinha, tinha tanto
Tanto que nem tinha um tamanho imaginadamente à mostra no ar
Tudo então ficava imóvel demais
Aqui no sono noto as vozes todas se explodindo de mim
Se falo, Leila não desvia os olhos da costura que faz
Mas minha fome encosta a língua ali no alívio dela talvez
Profiro Leila, encosto a língua no celeste da minha boca
Da minha boca
Da minha bo
Ela ali alinhavava minha boca, meu beijo além
Eu ali olhava a fêmea, antes de morrer-me refém
Ela ali olhava tudo, tudo, (tudo é pouco!) â?? e só havia eu ali
E aqueles olhos
Olhos pretos presos à minha presença de cor
Ela ali me alimentava o tumor
Aqui no sono noto as vozes todas se explodindo de mim
Se falo, Leila não desvia os olhos da costura que faz
Mas minha fome encosta a língua ali no alívio dela talvez
Profiro Leila, encosto a língua no celeste da minha boca
Da minha boca
Da minha bo