Na boca da noite grande o silêncio se enternece A Uma cambona se aquece no braseiro do fogão Sinto brotar no rincão um cantar de nazarenas E a noite fica pequena na grandeza de um galpão. Na boca da noite grande “hay" vida pelas canhadas Rumores nas madrugadas e romances em pelegos Chinas que contam segredos e peões quem morrem nos braços Das que sofrenam mormaços nos golpes suaves dos dedos. Na boca da noite grande fantasmas arrastam chilenas Índios de barbas, melenas, chapéus de copa batida Homens de outras vidas que habitam os galpões Reacendendo fogões das madrugadas compridas. Na boca da noite grande relembram lidas e vidas As chegadas e partidas, potreadas e corredores Velhos recuerdos de amores que por mais que o tempo passe Se reacende e renasce no canto dos pajadores.