Brotei das entranhas da terra pampeana,
Com sangue beduíno templado ao rigor,
Meu pai um cacique e a mãe campechana,
Ungiram-me a fronte com a força do amor.
Eu sou descendente da raça latina,
Entoando cantigas meu pai me embalou,
Da mãe missioneira herdei em menina,
A garra e a fibra que o chão lhe negou.
Nós somos mulheres traçando caminhos,
Podando os espinhos e a dor dos mortais,
Plantando carinhos abrindo vertentes,
Trazendo no ventre sementes de paz.
Que importa a origem, os sonhos que temos,
Nós alcançaremos sem ódio ou rancor,
Queremos ser parte, presente e futuro,
De um mundo maduro onde impere o amor.
Carrego em meus olhos o breu dessas noites,
Da pampa charrua ansiando arrebóis,
Nos negros cabelos o vento em acoites,
Dedilha os acordes em meus por-de-sóis.
Os meus lábios doces repletos de anseios,
Imitam gorjeios sem sair do tom,
E o corpo balança em mansos meneios,
Mesclando floreios de algum acordeom.