Minha acordeona de vinte e uma teclas e oito baixos pra me acompanhar
E quando eu abro minha gaita velha sinto saudade, chego até a chorar
De vez e quando abro o peito e canto,minha gaita velha chora no meu braço
Até os velhos de noventa anos saltam dançando firme no compasso.
Meu violão andava muito triste sem ter ninguém pra lhe fazer carinho
Lhe arranjei esta acordeona linda pra meu amigo não viver sozinho
Conheço bem a vida de gaudério e certas coisas que o mundo requer
É muito triste a vida de um gaúcho sem as caricias de uma mulher.
Quando regresso cansado da viagem existe alguém que vive a me esperar
É uma china que eu adoro muito, cabelos longos, olhos cor do mar -
E esta flor que enfeita o rancho e diz que me ama com sinceridade
Sempre me espera na porta do rancho, beija e me abraça louca de saudade.
De vez enquanto só por brincadeira faço ciúme pro meu violão
Pego acordeona e toco uma vaneira, enquanto a china ceva o chimarrão
Depois eu largo minha gaita velha pra minha flor eu vou fazer carinho
Assim é a vida destes dois gaudérios que desistiram de viver sozinho.