Afino as cordas do pinho nesta milonga
Campeira
Mais xucra que uma tronqueira mordida pelos
Baguais
Canto sangues 60,62,63 ancestrais de onde
Brotou o rio grande
Enquanto a alma comande meu canto não para
Mais
É a voz dos pais de meus pais que escute
Por onde ande
Há guaranis cor de bronze do passado de
Onde venho
Raízes do antigo lenho de onde brotou ramo
E flor
Há um sangue 60,62,63 conquistador de
Luzos e de espanhóis
Luzindo como faróis em nossa origem
Terrunha
Avoengas testemunhas timbradas de lua e
Sóis
Meu candeeiro é luz de ouro,o lunar do
Índio Sepé
Aquele que pôs de pé as catedrais
Missioneiras
Venho de 60,62,63 Pinto Bandeira , de
Bento e de Canabarro
E se mais longe me esbarro venho de Borges
Do canto
Do rancho que hoje levanto esteio
Quinchas e barro
Meu bisavô levantou-se de lança em punho
Enristada
Na sesmaria estirada nos quatro pontos
Cardeais
Foi bagual 60,62,63 entre os baguais, foi
Pedra em picos de serra
Plantou estância na terra regadas com seus
Suor
Na paz campeiro e pastor e um tigre em
Tempos de guerra
Monto fletes que são crias das tropilhas
Chimarronas
Que eram senhoras e donas da terra quando
Em divisa
E meu passo 60,62,63 quando pisa campos e
Flores e trevais
Vai pro rastro ancestrais que ergueram o
Mesmo repique
Os ranchos de pau a pique e os sinos das
Catedrais
Venho de longe no tempo, muito embora os
Tempos novos
Sou cria dos sete povos, sou índio branco e
Mestiço
E talvez 60,62,63 seja por isso que
Quando a noite se alonga
Sou urutau e araponga, João de barro e
Siriema
Num canto feito poema num bordonear de
Milonga