No laço espichado nas aspas do touro
Existe uma angústia que aos poucos se alonga
E a corda que vibra relembra no couro
No golpe da cincha um bordão de milonga
O berro do touro cortando a distância
É a própria milonga que chora com calma
Nas noites silentes ressoa na estância
E acorda as milongas que tenho na alma
(Milonga da alma que brota sentida
Do campo tapera tal fosse o capim
E um velho candeeiro no escuro da vida
Que acende as milongas que dormem em mim)
Int.
Nas noites escuras assim se prolonga
E açoita o encordoado das cercas de arame
Soprando as distâncias e tocando milongas
O sol viageiro procura descanso
E o rio milongueiro na noite mais longa
Bordeja em seus remos na tez de um remanso
Lembranças costeiras de velhas milongas
(Milonga da alma que verte da pele
No suor do campeiro que anda no fim
Talvez um apelo que o tempo revele
A própria querência perdida de mim
A própria querência perdida de mim)
Int.