O meu cavalo é um tostado quebra-freio
Por venenoso não lhe passam maneador
É um queixo duro que ao sentir corda ou arreio
Senta e relincha com manhas de boleador
Esse pingaço tapado cor de canela
Quando acho a volta e alço a perna é o pensamento
Seu bate cascos traz as prendas pra cancela
E um pala branco solta as franjas contra o vento
Cavalo meu não vem ao mundo por acaso
Nem tem paleta pra passeio de chilenas
Nasci pra andar na imensidão das madrugadas
Tenteando amores pra amansar as minhas penas