Eu menino passarinho
Andando sem rumo e sem ter cor
Eu as vezes peço, as vezes rezo
E as vezes vou
Eu menino sem ter jeito
Voando pelas asas de um belo gavião
Que não tem destino nem freio
Que a própria natureza lhe mostrou solidão
E eu as vezes canto, aquilo que ninguém mais vai querer ouvir
E eu do alto do meu pranto, entoo palavras que mal sei sentir
Eu história sem lenço e sem vela
Sem documento no bolso e sem paixão
Voo como vento que espera
Espuma cortada, pena de pavão
Que te enrosca as pernas, lhe coça os poros e lhe faz ter suor
Que lhe faz acreditar que belas formas não passam de um ser só
E eu menino passarinho
As vezes voo, ora caio no chão
Sem asas em meu corpo
Meu levitar é minha imaginação
E eu as vezes canto, aquilo que ninguém mais vai querer ouvir
E eu do alto do meu pranto, entoo palavras que mal sei sentir