Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino,
De longe eu avistava a figura de um menino.
"Toque o berrante, seu moço, que é pra eu ficar ouvindo".
Quando a boiada passava e a poeira ia baixando,
"Obrigado boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando".
Praquele sertão a fora, meu berrante ia tocando.
(Intro)
No caminho desta vida muito espinho encontrei,
Mas nem um calou mais fundo do que isto que eu passei.
Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei,
Vendo a porteira fechada o menino eu não avistei.
Apeei do meu cavalo no ranchinho beira-chão,
Vi uma mulher chorando, quis saber qual a razão.
"Boiadeiro, veio tarde, veja a cruz no estradão,
Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração".
(Intro)
Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem,
Quando eu passo na porteira até vejo a sua imagem.
O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem,
Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem.
A cruzinha do estradão do pensamento não sai,
Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais.
Nem que o meu gado estoure e eu precise ir atrás,
Neste pedaço de chão berrante eu não toco mais.
Balanço