Letra de
Mano a Mano

Naufragado na tristeza,
Hoje vejo em desatino,
Que tu fostes em meu destino,
Uma mulher e nada mais.
Tua exótica beleza,
Trouxe calor ao meu ninho
Me deste o teu carinho,
Um amor doido, incontido,
Que jamais tinha sentido,
Ou sentirás jamais.
Foi num tempo sem grandeza,
Quando tu, pobre e modesta,
Arrastavas na pobreza,
Uma existência sem prazer.
Hoje és toda uma bacana,
Tua vida canta em festa,
Com a bolsa dos otários,
Hoje brincas a vontade,
Como gato sem piedade,
faz o rato padecer.
Hoje tens os olhos cheios,
De promessas enganosas,
Das amigas mentirosas,
Dos marchantes
da ambição,
Tens o samba misturado,
Com as farras e o pecado,
Que o afã de uma grandeza,
Do prazer e da tristeza,
Tudo muito enraizado,
No teu pobre coração,
Nada devo agradecer-te,
Somos quite novamente,
Não me importa o que fizestes,
Quem te achou ou te perdeu,
Os favores recebidos,
Já paguei ao usurário,
E se resta alguma conta,
Que esqueceu minh'alma tonta,
Põe na conta deste otário,
Que escolhes-te, agora é teu!
Peço a Deus que teus triunfos,
Não triunfos passageiros,
Sejam ases, sejam trunfos,
O que mais te convier,
O chefão que te sustente,
Tenha montes de dinheiro,
Que te envolva em ambientes,
Galantes e lisonjeiros,
E que os homens digam sempre,
Que és uma boa mulher!
E amanhã quando a mudança
Te deixar velha e alquebrada,
Morta a ultima esperança,
No teu pobre coração,
Se te faltar um auxílio,
Lembra o nosso amor antigo,
Podes chamar este amigo,
Pra que volte do exílio,
Pra ajudar e consolar-te,
Quando chegue a ocasião