Vê, luz de luar doura o cerrado
Estrelas dançam pelo chão
Como se ouvissem uma canção
Brilho da pedra resplandece
No céu, espelho prateado
Tudo inebria no cerrado
Noite de lua no sertão
Vê, o beijo dos apaixonados
Encontro de amores
Buquê de gente entre suas flores
Rosa no mato nasce e cresce
Obra de Deus seja louvado
Tudo encanta no cerrado
Bate mais forte o coração
Chegou, cobra de fogo
E pôs veneno no sertão
Correu, o guará-lobo
Surgiu, na mata o cramunhão
O grito forte, a alma em dor
O bicho, homem matou
Onça não há, fugiu de lá
Arara voou
Vê, o céu que queima iluminado
Se acaba a vida num clarão
Morte que escorre pelo chão
Cheiro do verde já se esquece
Diabo reina coroado
Mar de carvão banha o cerrado
É só tristeza e solidão
Gritou, pediu socorro
O rio que varre o chapadão
Pra ver chover seu choro
Em cada palmo desse chão
A mãe Oxum, já se chamou
Oxóssi, oke arô
Pra casa vá, meu Orixá
A hora chegou