Quase que eu fui pro buraco
Por pouco nao fui morar no porão
Dancei mas não sei não
tive cuidado
De ter os pés quase sempre no chão
E a cabeça voando como se voa na imaginação
Longe do resto do bando
Mas sempre perto do meu coração
Depois de algum tempo nisso
Indo no fundo e voltando pra ver
Eu me descubro, amor, dentro do vício
Maravilhosamente a renascer. . .
Amando a vida como ama
o entalhador um pedaço de pau
o pescador o seu rio
e o sofredor sua mulher fatal
Hoje com os olhos mais claros
olhando as coisas como as coisas são
Eu me desenho, amor, como se pinta
um quadro novo com o brilho e a cor
De todo homem de trinta. . .
Trinta moleques que o tempo criou
E muito embora eu nao sinta
Eu sei que eu sou o que eu fui e o que sou
Tenho almoçado e jantado
Tenho tomado café da manhã
Barra pesada não, muito obrigado
Tenho levado uma vida sã
Tenho tomado algumas
E tenho amado uma mesma mulher
Eu tenho andado sem turma
Mas solitário eu sei que nao dá pé