Era eu, numa fila de veneno
Sem qualquer sentimento
Esperando receber
Ela me abordou sorrindo
Eu fui logo me sentindo
Meio herói, meio divino
Mas tentei me esconder
Me encontrou, sem nada de mim
Sem meio fim ou passado,
E eu fiquei atordoado
E ela sem qualquer critério me disse
"Vou leva-lo pra comer"
E eu fui, nem olhei para trás, apenas fui
Sem qualquer argumento, apenas fui
Nossos passos quase que flutuavam
Não haviam palavras, comecei a ansiar
Ela me apontava prédios
Eu fingia compreender
Era tão necessária
A sintonia do querer
De repente, ela parou e pegou pelo braço
E entramos, já enfeitiçados,
Num estranho prédio
Escuro e abandonado
E eu fui, nem olhei para trás, apenas fui
Sem qualquer argumento, apenas fui
Nem olhei pra trás, apenas fui
Sem qualquer argumento apenas fui
Subimos alguns andares
E entramos numa sala
Pensamentos ordinários
Ela me pediu um tempo
E sumiu por um momento
Comecei a desvairar
E voltou, com um sorriso
E um sabre mouro afiado
Suspeitei: acho que o verbo "comer"
Não se encontrava num sentido figurado
E eu fui, nem olhei para trás, apenas fui
Sem qualquer argumento, apenas fui
Nem olhei pra trás, apenas fui
Sem qualquer argumento apenas fui
Nem olhei para trás, apenas fui
Sem qualquer argumento apenas fui