Eu fiz a maior proeza pras bandas do rio da morte
com outro caminhoneiro traquejado no transporte
fui buscar uma vacada, para um criador do norte,
na chegada eu precenti que era um dia de sorte
depois do embarque feito, só ficou um boi de corte
(Intro)
O mestiço era bravo, que até na sombra investia
a filha do fazendeiro molhando os labios dizia
eu nunca beijei ninguém, juro pela luz do dia
mas quem montar nesse boi e tirar a valentia
ganha meu primeiro beijo que eu darei com alegria
(Intro)
Vendo a beleza da moça, meu sangue ferveu na veia
eu calcei um par de esporas e passei a mão na peia
peguei o mestiço a unha, rolei com ele na areia
enquanto ele esperneava, fui apertando a correia
mais quando eu sentei no lombo foi que eu vi a coisa feia
(Intro)
O boi saltou a porteira no primeiro rodopiado,
numa ladeira de pedra, desceu pulando cortado,
saia lingua de fogo, cheirava chifre queimado,
quando os cascos do mestiço batiam no lageado,
parou berrando na espora ajoelhando derrotado
pra cumprir sua promessa, a moça veio ligeiro
e disse você provou ser peão e boiadeiro,
dos prêmios que vou lhe dar, o beijo é o primeiro,
sua boca foi abrindo, seu olhar ficou morteito,
nessa hora eu acordei abraçando o travesseiro
(Intro 2x)