Letra de
Fado do Cacilheiro

Quando eu era rapazote, levei comigo no bote
Uma varina atrevida
Manobrei e gostei dela e lá me atraquei a ela
Para o resto da minha vida
Às vezes numa pessoa, a idade não perdoa
Faz bater o coração,
Mas tenho grande vaidade em viver a mocidade
Dentro desta geração.
Sou marinheiro, deste velho cacilheiro
Dedicado companheiro, pequeno berço do povo.
E navegando, a idade foi chegando ai !
O cabelo branqueando, mas o Tejo é sempre novo
Todos moram numa rua, a que chamam sempre sua
Mas eu cá não os invejo,
O meu bairro é sobre as águas, que cantam as suas mágoas
E a minha rua é o Tejo.
Certa noite de luar, vinha eu a navegar
E de pé junto da proa,
Eu vi ou então sonhei, que os braços do Cristo Rei
Estavam a abraçar Lisboa.
Sou marinheiro, deste velho cacilheiro , etc.