Avança até ao tempo sem idade
Avança até à terra sem destino
E se te pedirem cartão de identidade
Sorri como tu sabes
Aquele teu riso inteiro de menino
Avança por este enxame de vespas
Parte a redoma toda e salta o muro
E se te proibirem com fronteiras
Tu sabes que estás longe
Que há tanto tempo habitas o futuro
Trespassa como seta os intangíveis
Que vivem dentro de um requerimento
Que o mundo foi comprado por sofríveis
Que seguem à bolina o melhor vento
Avança como dardo neste escuro
Rumo ao norte, à morte, ao polo, à Estrela d'Alva
E se te perguntarem donde vens
Tu só sabes que vais
Pra onde muito bem te diga a alma
E sonha a madrugada deste povo
Que habitará no pôr-do-sol de cada tarde
É que um dia, como ao vidro
Do velho farão novo
E há-de ser possível nesse dia
Beijarmos as paredes da cidade!