Chamemos-la de fase iconoclasta
a minha poesia antes de cego
Pintei, bordei, porém não a renego
Forçou-me a validez a dar um basta
a nova não é casta, nem contrasta
Com velhas anarquias, só me entrego
Ao pé onde em soneto a língua esfrego
Ao pé onde em soneto a língua esfrego
Chamemos-la de fase iconoclasta
Chamemos-la de fase iconoclasta
Mas nem por isso é menos transgressiva
Impõe-se o paradoxo na medida
Da forma e da temática obsessiva
Da forma e da temática obsessiva
Na universalidade presumida
Igualo-me a Bocarge, Boto e Piva
Ao cego o feio é belo
Ao cego o feio é belo
E a dor é vida, e a dor é vida
E a dor é vida, e a dor é vida