Quando ela se mostra
Pisa, desliza, dispõe
De uma beleza que cega
Ela acerta onde for
Quando fundo ela olha
Fere, enfeitiça, expõe
Uma certeza que cega
Ela acerta quem for
Quando ela se solta mais
Mexe, lambuza e se cansa
Ela desperta desejo, tensão, euforia
Desde que não interrompam o ciclo, o sono e o sol da manhã
Ela não julga, não prende, não se cobra nada
Ela sabe meu disfarce, meu desejo, minha fala
Ela roça a língua na boca de outra mulher
Diz que não espera outra resposta, outra prenda
Ela deixa esmola na porta e sai quando quer
Mas ela certamente esconde uma palavra aflita, insegura
Que não deixa nunca nunca transparecer
Alguma coisa mal resolvida, mal tratada, algum estrago
Algo que nunca deixará transparecer
Ela rouba meu disfarce, meu segredo, minha fala
Ela exibe o rosto perfeito e ri quando quer
Diz que não se importa não se encaixa e não se queixa
Ela esnoba aquela vida, aquela fé
Se ela disser que sim
Quem se atreve a dizer não
Ela faz que vai, que vem, que não, que sobe as paredes
Se ela disser que vai ter sim
Eu me abaixo pra ver
Ela me deixa olhar pro alto, onde eu me sinto acima do bem