E pensavas tu, que andavas sozinho?
Mas, nunca é exata essa tal solidão
Porque quando abraças o bojo do pinho
Se achega pra perto mais uma canção
E pensavas tu, cantador sem plateia
Que a riqueza do dom te fugia à toa?
Mas, no canto de sempre, não morre a ideia
Que a alma do olhar benzeu de garoa
Quando cantas, cantor, a lua te espia
As estrelas acordam, o céu é clarão!
Quando cantas, cantor, a vida é poesia
Rimada no amor do teu coração!
E pensavas tu que o poema é abrigo?
Mas, nunca é exata essa tal sensação
Quando andas lonjuras, o verso é amigo
A vencer a distância com arte nas mãos
E pensavas tu, cantador tão discreto
Que a força da vida se mede em quantias?
Mas, nisso, estavas tão rico e tão certo
Com alma de luz a clarear nossos dias!