A lua cheia ponteou de novo no céu da pampa,
Desenhando estampa, imagem clara, poncho e chapéu,
Tranco largo, bom cavalo,
Quando o céu num pealo fez uma estrela viver no léu
Luz cadente, noite afora,
(E o meu par de esporas tem um brilho raro vindo do céu.) Bis
Faz contraponto com a prata inteira destas rosetas,
Clareando a silhueta que a luz da lua estendeu no peito.
Minha gateada, lume o ouro
Que prendeu no couro pra trazer o brilho assim de sinuelo,
E a lembrança é um açoite
(Pra quem vê na noite uma flor amarela enfeitando o cabelo.) Bis
Toda distância se perde aos poucos rumando à estrada,
Léguas e a gateada, ao tranco, parece que voa,
Sabe o rumo, falta um eito,
Pois me aperta o peito uma lembrança dela que andava à toa.
Fróxo as rédeas e as ponte-suelas
(Quebram lua e estrelas no espelho grande filho da lagoa.) Bis
Quem tem retornos no rosto da mata junto à cancela,
E a lembrança dela numa saudade que é minha ainda,
Faz da estrada um verso assim,
Ela espera por mim com um aceno e um beijo de boas-vindas.
Flor morena, minha sina,
(O teu riso é rima pra essa chacarera de lua linda.)
Bis
A saudade aos poucos, dentro da noite, vai indo embora,
Largo da espora as duas estrelas quando a estrada finda,
Outro par de olhos negros
Me contam segredos desses que a noite nem sabe ainda
A saudade é um mundéu,
(Teu olhar é um céu pra essa chacarera de lua linda.)