Letra de
Ciranda

É debaixo da terra / No silêncio do chão
Onde não é superfície / O olho não enxerga não
É no fundo do peito / Junto do coração
Onde não é superfície / O olho não enxerga não
Mas ela tá lá
Na espreita ela espera, a dor
Mais bonita mais singela, a flor
Venha chuva clarear
Faz a terra estremecer
Tira ela pra dançar
Germinar eu quero ver
E já vai chegar, e já vai chegar
Então o olho verá
Árvore que dá o fruto
Num processo tão bonito
Do fruto nasce a semente
E assim se repete o ciclo
Ciclo onde o dinheiro é nada
Lá quem manda é o mistério
Voz de fora mercenária
Inventa a semente estéril
Diz que a vida é linha reta
E que não para de subir
Quem perde o bonde do progresso
Não terá espaço aqui
Agora quem marca o gado é o mercado cristo-rei
Num aperto de um botão
E bem no fundo lá no fundo, onde mora o coração
Até mesmo a cidade
Dona rica e poderosa
Tem saudade lá da roça
Tem saudade do sertão
E quando o sertanejo toca na viola o seu lamento
Longe avoa o pensamento
Fundo bate o sentimento e
Dentro do apartamento
A cidade tem vontade de chorar
Viola da minha vida
Viola da minha história
Viola da minha terra
Viola da minha memória
Árvore que dá o fruto
Num processo tão bonito
Do fruto nasce a semente
E assim se repete o ciclo