Eu sou a carne crua Que o fogo esquenta e não consegue queimar Eu sou a pedra dura Que a água bate e não consegue furar Eu sou a rachadura Que o tempo muda e só faz aumentar Eu sou a noite escura que o telefone teimou em tocar Eu sou o que não há Eu sou o que não há Eu sou aquela planta que cresce num canto escondida do sol Eu sou a mesa posta que termina intacta no fim de natal Eu sou aquela aposta que acabou dando muito mal Eu sou a poeira grossa sob o tapete do saguão principal Eu sou o que não há Eu sou o que não há Explique porque esse pessimismo E ódio por tal falta de importância O choque brutal de novos livros Diferentes do que leu na sua infância Rebeldia veio tarde e sem sentido Agora o sol arde e a sua perna cansa A cada dia o tempo passa mais corrido O cupido trocou a flecha pela lança Eu sou o que não há Eu sou o que não há Eu sou o que não há Eu sou o que não há