Sonolento fim de tarde
De um retrato de verão
Cascos que vieram de longe
Martelando sobre o chão,
Pés descalços na poeira
Marcas de calo na mão
Lábios que juntam sem pressa
(refrão)
Vai carreta ,vai
Rodando vai ,
Que o tempo é patrão
Em cada roda que gira
Corta tiras deste chão
Vai boiada, vai
Que a bocas que choram,
Que fome de grão
E a terra que o boi amassa,
Vem a massa do meu pão
À noite vem a saudade
Se chega branda e faceira
Cantando frases perdidas
Da toada carreteira
As mãos num gesto de fadas
Torcendo vestes caseiras
Penduram trapos de sonhos
Nos arames da porteira
(refrão)
Ainda a ultima brasa
Teima em ficar acordada,
Queimando um resto de vida
Na fogueira já cansada
E lá se vai o carreteiro
Deixando atras a toada
Escrita em letra de poeira
Pelos cascos da boiada
(refrão 2x)