Letra de
Calma

Eu só sorrio com um lado da boca
Sem mostrar os dentes e olhando pra baixo
Por que eu não consigo olhar nos seus
Olhos, de perto
E ver o reflexo dos meus
É a culpa, a desculpa, da mente que mente
Pra frente, tão acelerada
Eu não paro de ver tantos braços, pescoços
E ainda prefiro o seu
Minha cabeça cabeça não cansa
E ainda tem esperança, que um dia vai
Ficar quieta
E o afeto que acalma a alma de um jeito
Que falta de fôlego agora me deu
Só o seu cafuné pra desacelerar
As antenas que filtram o medo de ficar
Sozinho
Tão inho, perdido no meio, de frente ou de
Lado
Pra lugar nenhum
Não tem nem calmante de amante
Diamante, que adiante à essa falta de
Freio, incessante
Que me rói
Só você
A sua pele é tão lisinha
Que parece o travesseiro de cetim
Que eu usava na infância
O seu cabelo é tão cheiroso
Que me lembra o cheiro da ressaca
Dos domingos que chovia
E o seu olho é tão bonito
Que recorda o pôr do sol
Das poucas vezes, que eu fui ver o mar
E a sua voz quase me acalma por completo
Eu juro, se eu não fosse esperto
Eu ia me apaixonar
Mas deu tudo errado
E você se foi como alguém que não queria
Nem ter chegado
E deixado uma parte de mim tão avulsa
Em um canto escuro, quieto e sozinho