Os cascos no chão da mangueira
O laço zunindo no ar
O tombo que ergue na poeira
A histórica pro vento espalhar
Um pealo uma cena ligeira
Um grito que enche o lugar
Barulho da lida campeira
Pra velha querência escutar
Madrinha batendo sincerro
A trote chegando nas casas
O alarme campeiro do perro
Chaleira que chia na brasa
É página do Martín Fierro
Onde ele ganhou suas asas
Pois sobre as coxilhas e cerros
Se ouve o barulho que arrasa
Barulho de campo e de estância
Que a alma gaúcha acalanta
Canção que o fogão de uma estância
Um dia soltou da garganta
Um dia soltou da garganta
Troveja na barra estirada
No pampa de mirada plana
Parece o tropel de uma eguada
Chegando em Uruguaiana
Barulho de campo e manada
Tendel de encharcar a badana
Tem sanga que sai para a estrada
E mata essa cede aragana
A estrela da espora se arrasta
No pasto onde a chuva caiu
A faca na pedra já gasta
Passeia a procura do fio
Relincha um padrijo que pasta
Pressente uma égua no cio
Barulho que nunca se afasta
Do Sul que é no Sul do Brasil
Barulho de campo e de estância
Que a alma gaúcha acalanta
Canção que o fogão de uma estância
Um dia soltou da garganta
Um dia soltou da garganta