Acordei de madrugada tava um calor danado
Levantei fui na cozinha e foi um tanto engraçado
Fui até geladeira pra tomar agua gelada
Vi um pote de sorvete, de alegria dei risada
Que delicia de sabor, era de leite condensado
Ainda pensei que sorte minha mais fiquei encabulado
Fui chegando aproximando, tava muito empolgado
Quando eu abri a tampa: tinha feijão congelado
Tô azarado numa baita solidão: é só tristeza, desgosto, desilusão
Lá onde eu moro tem muita gente batuta
Que trabalha e labuta, honestamente o seu sustento
Lá tem: padeiro, açougueiro, carpinteiro, marceneiro e pedreiro
Gente humilde o ano inteiro
Mas tem um povo, irritante, intolerante
Arrogante, ignorante, futriqueiro, fofoqueiro
Andam dizendo que eu vivo no bar bebendo
Minha cabeça tá doendo: é de paixão que eu tô sofrendo
Andava muito deprimido, até faltando no serviço
Por causa de um amor perdido, o coração tava sofrido
Andei chorando e a solidão me machucando
A saudade me apertando querendo entender o motivo
Foi quando um amigo me falou que tinha visto
Ela com outro na cidade, então fiquei pensativo
Golpe doido o que ela fez comigo
Ficou tudo esclarecido: tô muito triste, aborrecido
Um dia desse eu sai com a namorada
Fomos passear no parque numa noite enluarada
Ela dizia e repetia que estava apaixonada
Que alegria noite dia, ela era a luz da minha estrada
Mas o tempo foi passando e acabando o que era belo
O que eu pensei que era eterno, transformou-se num flagelo
E apareceu um tal marcelo, num chevette amarelo
Derrubou o meu castelo: fiquei descalço e sem chinelo